Comecei a escrever ficção em 2012 e como essa não era exatamente a minha profissão não tinha técnica nenhuma. O processo de escrita para quem nunca fez uma história e não é graduado nisso é algo meio bagunçado por mais que se tenha inspiração. No entanto, eu só desenvolvia o que dava na telha, como todo escritor amador.
No início se fez luz
Sabe aquela coisa de “vamos ver no que isso vai dar”? Sem muito rumo, sem controle, só no instinto. Em outras palavras, experimentando, aguardando os eventos se desenrolarem.
Por exemplo, quando você fecha os olhos e a sua imaginação te leva pra outro mundo. Ou quando você gostaria que a vida fosse diferente e de repente pensa em como ela poderia ser se algumas escolhas te levassem pra outro lugar. Entende?
No início era assim. Algo como reservar um tempo para olhar para dentro ou conversar consigo.
Contudo, só a vontade de imaginar não faz um escritor. Seria ótimo, porém não é assim que acontece. Sejamos realistas! Acima de tudo, é preciso passar para o papel, ou no meu caso, para o computador. E para tal, a técnica de escrever é completamente necessária.
Nada na vida se cria, tudo se transforma
Desse modo, passei a incorporar um hábito a mais em minha vida. Sempre que podia lia algo sobre escrita e dicas de como escrever ou como melhorar sua escrita. De lá pra cá tem sido um grande aprendizado. Acredite!
Por esse motivo, meu processo de criação sempre foi muito amador, mas em constante evolução.
Era de certo modo um desabafo, uma forma de me relacionar com os mundos que existiam no interior de minha mente e foi necessário aprender a usar a técnica pra expressar isso no mundo real e poder finalmente compartilhar com outros de forma que ficasse claro.
Aquela coisa meio “não sei o que estou fazendo, mas estou aprendendo enquanto faço”. E no fundo o que importa mesmo é que seja feito.
A princípio era fácil sair meio Frankenstein, foi como ficou o meu livro “Entrelinhas”, o primeiro de todos. Todavia, com o tempo a gente aprende a maquiar, a embelezar e tudo vira meio rústico, como ficou a segunda versão dessa mesma história, “Domínio”.
Inspiração no início não era exatamente algo necessário porque o mundo no meu interior não conversava com o mundo do meu exterior quando eu estava dando os primeiros passos.
O ato de olhar pra dentro e onde se esconde a tal da inspiração
Imagine que você está vendo um filme acontecer. Ou seja, alguém já escreveu, produziu e agora você está só assistindo. Mas ele já veio pronto e você não tem como influenciar na história dele.
É como um sonho que você não tem controle, consegue ver os personagens, às vezes você interage. No entanto, as coisas andam sem que você possa fazer nada por isso.
Foi assim que eu comecei a escrever. Depois de um tempo só assistindo comecei a ter a necessidade de me expressar nesse mundo. Aquela coisa de estar inquieta numa sala silenciosa. Sabe?
Não sei por quê, mas depois de conquistar algo a gente sempre quer mais. Aquele que se dá por satisfeito com o que tem está escolhendo parar de viver.
Foi nesse momento que descobri que a escrita é também um pedacinho de como estamos vendo aquele mundo naquela época, com nossos olhos.
E puff! Veio a tal da inspiração.
Nunca tive a intenção de ensinar ninguém, até porque não acho que sei de tudo para ensinar. Eu mesma ainda estou em constante aprendizado com a vida. É verdade que às vezes passo o que sei, o que vivi ou até o que eu aprendi, mas esse nunca foi o propósito na escrita. Porque escrever é compartilhar, aceitar a visão daqueles que compartilham com você para dar visibilidade e alcançar outros que se identificam.
A verdadeira intenção
Meu objetivo nas minhas histórias sempre foi apresentar uma parte do mundo que às vezes algumas pessoas não conseguem ver ou ignoram, com ou sem intenção.
Existem vários motivos para você não conseguir se colocar no lugar do outro e por isso não entender o que o outro passa, vive, ou porque fez as escolhas que fez.
Da mesma forma, o mundo moderno está marcado pelos hábitos do julgamento. As pessoas têm a tendência de formar uma opinião rápido sem embasamento, sem compreensão, sem conhecimento só porque a sociedade exige de todos um posicionamento sobre tudo.
E não é todo mundo que tem a coragem de levantar a mão em riste e dizer “Não sei!”. O que convenhamos, deveria de ser o comum, porque ninguém sabe de tudo nem é especialista em tudo.
Quando estamos em um mundo em que as pessoas julgam todos a todos os momentos chega uma hora que é preciso parar um pouco. Diminuir o ritmo e se dar o tempo de olhar para a situação de fora. Só assim podemos nos colocar no lugar do outro e sermos justos.
E foi esse o compromisso que eu assumi em minhas histórias, passar um ponto de vista que deve ser levado em consideração. Sempre!
Até quando é difícil por se tratar de um personagem mau, preconceituoso ou criminoso. Até quando a mocinha e o mocinho não ficam juntos e isso me parte o coração.
A realidade é a realidade. Em algumas histórias, por mais que sejam ficção, eu quero ser fiel e passar a realidade.
Ampliar a visão do meu leitor para que ele se coloque no lugar de pessoas que já passaram por outras coisas que ele mesmo não viveu. Sejam boas, sejam ruins… Para só depois disso formar uma opinião.
Antes de provocar a mudança seja a mudança que você gostaria de ver
Só que para conseguir realizar tal feito foi preciso abrir a minha mente e aceitar diversas influências. E posteriormente, calar mais, julgar menos, me abrir para os diversos olhares e pontos de vistas de todas as situações.
Meu mundo parou de ser analisado pelas minhas verdades e passei a dedicar meu tempo para ouvir as verdades dos outros.
Em conclusão, significa que a minha inspiração vem literalmente de todos os lugares.
Vem da história de vida de um amigo, ou da reportagem de um acontecimento no jornal. Da mesma forma pode vir de um gerador de palavras online. Até uma música tocando me dá uma ideia, ou talvez o comportamento de pessoas desconhecidas que vi na rua quando estava no shopping…
Em todos os lugares tem inspiração, pra onde eu olho e em tudo que ouço. A história de todas as pessoas do mundo vale a pena ser contada. Inclusive, teve uma época em que pedi pras minhas leitoras falarem algo que aconteceu em suas vidas que elas achariam interessante fazer um personagem vivenciar um momento semelhante ao seu.
A inspiração podia vir da minha própria vida, da vida dos meus conhecidos, da situação político-econômica do país. De matéria do jornal, de casos policiais do interior do país, ou até de outro país. A inspiração vinha da cultura de outros povos, das minhas viagens, dos lugares que visitei. Literalmente tudo podia me inspirar para uma cena.
O que importa é tentar
Não entendo muito da metodologia do processo de escrita para profissionais. Por isso digo que o meu jogo sempre foi muito amador e me orgulho disso.
Gosto da forma que o mundo inspira as minhas histórias. E faço o que tenho prazer quando passo essa visão para os meus leitores, os maiores influenciadores das minhas inspirações.
Por fim, é válido salientar que foi uma das minhas leitoras mais antigas, a amada Diennyfer Alves, que me inspirou a contar todo esse processo nessa postagem. Se você gostou desse conteúdo deixa pra mim o seu curtir.
E conta aí também…
Qual é a forma que você usa para se expressar e de onde vem a sua inspiração?